Lembre-se: só podemos mudar a nós mesmos, nunca os outros. |
Marise Jalowitzki
1. Avaliar constantemente a qualidade no trato diário
Existe uma tendência recorrente em relaxar o cuidado no convívio diário, em relaxar o respeito e o carinho para com os outros, à medida que 'se acostuma' com a presença. Acontece nos casamentos, acontece em relação aos pais, acontece em relação aos filhos, a todos os familiares, também para com amigos e amores... Frases como "Ganhei a mina! podem ser um gatilho para o "agora tá seguro!"... Ontem mesmo fui ver umas fotos de uma amiga que casou; um dos comentários foi: "Agora tá seguro!" Há pessoas que engordam muito logo depois de casar e, ao serem interpeladas dizem: "Agora me garanti... dá pra relaxar...".
Será mesmo que um afeto fica "garantido" após uma certidão (casamento, nascimento)???
Neste texto, quero reportar sobre a importância de desenvolver o hábito de avaliar, constantemente, como estão sendo tratados os filhos e-ou pequenos jovens que convivem próximos.
Muitas pessoas, homens e mulheres, quando ainda estão na ativa, suprindo as necessidades básicas dos filhos e auxiliando em tudo que concerne à manutenção, adotam uma postura autoritária e quase agressiva. Pais, por achar que precisam se afirmar como a "base" da família. Mães, especialmente as que criam seus filhos sozinhas, tornam-se bastante incisivas por crer que, assim, suprem a falta da presença do pai. Não suprem.
Várias vezes, nos grupos de desenvolvimento humano, quando eu comentava sobre a valia do estar presente, especialmente em datas comemorativas tidas como tradicionais (festas de final de ano, ou em comemoração ao dia das mães ou dos pais, dia da criança, etc.), os lamentos, rancores e revolta saíam fortes por parte de alguns e os que foram vitimados no passado, declaravam: "Foi cruel comigo lá atrás, agora só porque ficou velho(a) vou ter que ser bom(boa)? Não mesmo!!!"
Difícil prever o que o outro está armazenando em seu coração, quais lembranças fica alimentando, dia após dia. Por isso, é tão importante sempre dialogar, ler coisas edificantes, compartilhar idéias e valores bons. Sim, é possível semear sementes de concórdia, de perdão, de empatia, de solidariedade. Algumas vezes estas sementes não germinam, mas, nesta vida, o imprescindível é cada um fazer a sua parte.
Na educação de um filho é sempre prudente ser firme, mas não agressivo. Bater não educa. Recomendar, ao invés de castigar. Orientar, ao invés de punir. Todos os castigos são inúteis, diz o pediatra Carlos González.
Porque, no coração humano, geralmente acontece assim: quem faz um ato ruim, 'escreve na areia, quem recebe, marca com fogo!' Ou seja, para quem faz-diz o sentimento e a lembrança se dissolvem com o tempo, mas quem recebe a ofensa ou o castigo não esquece nunca e até pode arquitetar o momento da revanche, lá na frente. Quantos casos conhecemos assim...
Sirva de modelo e exemplo a ser seguido.
2 - Diálogo baseado no binômio: falar e escutar
Conversar, e conversar muito ao longo dos anos de convívio, e ouvir respeitosamente também, para estabelecer uma relação o mais aberta possível, pautada no diálogo, nas concessões possíveis, no respeito aos pontos de vista diferentes. Respeitar as incongruências da juventude (filhos, sobrinhos, etc.) sempre que der, lembrando de como aconteceu consigo, a cabeça que cada um de nós tinha quando novo(a) e as bobagens que todos já fizemos. E tentar a maneira mais eficaz - e pacífica - de contornar o problema.
Quantos pais desabafam 'não ter paciência pra tanta bobagem'... só que para o filho, não são bobagens. São verdades. Pense nisso.
Especialmente para os jovens, as ofensas caem muito mal e o rancor se instala! Nenhuma crítica pesada educa ou edifica. Assim, ser mais brando em suas expressões, tendo em vista que ali tem uma vida se formando, pode render frutos de reconhecimento futuros, o que significa bons tratos. Lembre-se: firme, não agressivo.
3 - Aceitar e entender que cada um é diferente, vê o mundo de um modo singular, único
Aqui trata-se de treinar internamente para aceitar as pessoas como elas são, sem muitos julgamentos, que dirá condenações. Pode não entender, mas precisa aceitar. Na criação de um filho as intervenções são necessárias, sim, é precido mostrar e dar limites, mas sem ofender, humilhar, esculachar.
Aqui no RS, não raro presencio uma postura dos mais velhos de 'colocar no chinelo' os mais jovens, como se tudo que pensassem, quisessem, sonhassem ou fizessem, fosse errado. Expressões como "tu não vale nada", "como tu é burro!", "...mas tu não faz nada certo!", "tu não vale o pão que come", "...nunca vai ser alguém na vida", "...tu só me traz vergonha!".... são expressões, infelizmente, ainda corriqueiras... Não é assim que funciona! Não é assim que dá certo.
E, ao pequeno ser em desenvolvimento, pode gerar duas situações: ou se encolhe pra vida, tornando-se inseguro e arredio ("esse aí não tem boca pra nada"...). Ou se torna agressivo e revoltado, demonstre isto ou não. Quantos adultos violentos revelam que, quando jovens, já arquitetavam seus planos de revide. "Não dizem sempre que vingança é um prato que se come frio?" - declaram.
Cada geração que chega, choca as que já estão aí. Aconteceu conosco, também, quando éramos jovens! Meu Deus, se me lembro das coisas que ouvi com relação a quase tudo (jeito de dançar rock ou iê-iê, os ritmos e o volume dos sons, as roupas, as escolhas, o comprimento dos cabelos, as idéias, as gírias)... Na avaliação dos mais velhos, estava tudo errado! Tudo era motivo pra eles se envergonhar ou surpreender negativamente. E foi difícil conviver com esta rejeição. E, para muitos, acaba sendo um acelerador de saídas de casa, o que nem sempre é bom, pois com um coração cheio de ressentimentos, enfrentar o mundão fica bem mais difícil.
4 - Ter uma cara só
Sinceridade sempre foi ponto de fortalecimento relacional. Ser honesto naquilo que expressa imprime confiança, que é a base da convivência fortuita.
Infelizmente, nesta minha longa jornada existencial, assisti em diferentes fóruns relações pautadas em mentiras onde, por exemplo, um pai (ou mãe) dizia uma coisa para o filho e, depois, ele descobria por um parente ou por um vizinho, ou escutando atrás da porta, que, na verdade, ele estava sendo ridicularizado pelo que pensava ou planejava, pelo jeito como se expressava ou vestia...
Descobrir que não era nada daquilo que o pai (ou a mãe) pensavam dele(a) machuca muito, pois trai a confiança, abala a autoestima, arrasa a autoconfiança e a confiança nos demais.
5 - Arrependimento tardio
E, se você está lendo este texto e já está na idade madura e nada disso foi feito em tempo hábil, se não tomou estes cuidados (seja por desconhecimento ou negligência), agora, velhice já instalada, ainda resta a alternativa de se arrepender dos jeitos mal sucedidos. Demonstrar a intenção de pedir perdão pelas errôneas ações agressivas pode gerar um resultado positivo.
Entretanto, tem de ter em mente que este perdão nem sempre será concedido para quem o requer. Apesar de ouvir que 'perdoar é divino' (e é!) nem todos desenvolveram esta capacidade e, aí, para o(a) idoso(a) o sofrimento é duplo. Reconhecer que errou e não ter mais tempo para refazer, dizer isto e esperar um perdão que não vem. O que resta é, novamente, aceitar os fatos como são, sem usar o 'chicotinho emocional'. Errar é humano. Importante receber endosso e apoio psicológico pra lidar com o emocional, no sentido de poder conviver com esta realidade. O outro não é mau, apenas não consegue. Tudo tem seu tempo.
Lidando com o imprevisível
Cabe, por fim, lembrar que todos somos imprevisíveis e que vivemos em um mundo de probabilidades.
Ainda que a relação, durante toda a vida, tenha sido pelo menos razoável, ainda assim podem haver surpresas. Há que contar sempre com o inusitado universo do outro, imprevisível ação, que absolutamente não está em nosso controle. E a 'surpresa' do descaso e do abandono podem vir igual. Também aqui a solução é aquietar-se e tentar se resignar, tentar viver de uma forma em que a incompreensão (ou a não compreensão) do outro doa o menos possível!
Como a leitura de mundo é sempre individual, NADA disto tudo que está acima pode dar efeito igual, mas vale por demais tentar! São ações preventivas que podem significar cuidado e acolhimento quando cada um de nós chegar naquela idade em que, apesar de toda a bagagem existencial, vamos precisar dos cuidados daqueles que aportaram no planeta depois de nós.
Agradeça, agradeça sempre! Milhares, milhões gostariam de ter o que, para outros tantos, é fonte de apenas queixumes, insatisfação e reclamação.
Lembre-se: só podemos mudar a nós mesmos, nunca os outros.
Tome sol diariamente, se alimente de comidas leves, coma bastante verde, tome bastante água, procure, em suas condições, efetuar caminhadas diárias ou exercícios físicos, mesmo que estiver acamado. Pense em ocorrências boas e agradeça pelo que tem.
Tudo melhora quando melhoramos a nossa forma de ver as coisas, os seres, o mundo.
Tudo melhora quando melhoramos a nossa forma de ver as coisas, os seres, o mundo.
Felicidades a todos! É o que desejo profundamente, pois é de mais e mais Amor que precisamos, sempre!
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