Ancestralidade é a chave |
Marise Jalowitzki
Uma canção veio-me à lembrança hoje pela manhã. Dizia assim: "Neste mundo cheio de tristeza e ambição, tenho andado procurando uma ilusão"... quando cantei, pensei logo: Gente, há quanto tempo! Esta música data do final dos anos 60, ou início de 70, do século e do milênio passado, e já naquela época TANTOS jovens bradavam sua inconformidade com o jeito imposto de viver.
Hoje, os jovens parecem mais [in]conformados que as coisas são assim como são, mesmo, e, na sua [in]conformidade, deixaram de cantar a sua procura de ilusões, desiludidos como nenhuma outra geração esteve.
E ao invés de cantar, fazer versos, sonhar, ansiar, alimentar esperanças, a maioria resolveu 'partir pra luta', mas não mais aquela luta dos anos 60, representada pelo movimento hippie (Love and Peace = Paz e Amor), ou da luta armada, composta pelos jovens que acreditavam que fazer-acontecer poderia fazer-acontecer (geralmente guiados pelas ideais políticos influentes, como o marxismo, por exemplo).
Não, a luta dos jovens de hoje é diferente! Cansados de ver este mundão caótico à sua volta, novamente, aparecem vários grupos:
Grupo 1 - Há os que se auto destroem através da drogadição [ilícita], de difícil retorno, podendo, inclusive, acabar em suicídio. Infelizmente, cada vez mais comum encontrá-los nas ruas, não somente em locais específicos (como as cracolândias). Não, estão todos por aí, escancarando o fracasso social obtido pela modernidade e avanços tecnológicos mal distribuídos, e sempre tão incentivados para o consumo.
Grupo 2 - Há, também, os que procuram as terapias (o que, em tese, é altamente louvável) no afã de se autoconhecer e ajustar-se ao sistema (ajustar-se = geralmente, um processo inócuo, já que somos o que somos exatamente ao validar nossas diferenças). Aqui (nas terapias), tem de cuidar muito o tempo em que os indivíduos ficam sob a influência de uma outra opinião (isto não pode ser ad eternum, para não perder sua essência. E, principalmente, se acontecer o uso prolongado de medicação psicotrópica, causando a dependência química e a despersonalização, onde, igualmente, acabam em processo de autodestruição. O que resulta, infelizmente, nos mesmos resultados que o grupo anterior.
Grupo 3 - Existem, ainda, os que já nascem em meios violentos, recebem como herança influenciadora familiar os valores de que nada pode ser feito e que, caso queira algo, tem de tomar, tem de conseguir, tem de 'pegar' de alguém, independente de quem seja, e tornam-se os violadores, os assaltantes, os criminosos, que, também, em tempo recorde, passam pela [enorme] possibilidade de perder a vida, causando sofrimento coletivo (às suas vítimas, aos seus familiares).
É muito triste conhecer qualquer um dos integrantes destes grupos, pois fomos nós, os adultos de hoje que, de uma forma ou de outra, deixamos este estado de coisas acontecer!
Os que fazem diferente
E, como sempre, desde que a História da Humanidade é relatada, há também aqueles pequenos grupos que tentam, sofregamente, mudar o rumo das coisas, e que continuam sendo taxados de utopistas.
A avalanche de críticas e perseguições é imensa, o enxovalhamento nunca foi tão brutal e generalizado. Sim, tivemos exemplos terríveis no passado, de castigos impostos aos utopistas, o que incluía, inclusive, queimar os corpos em praça pública. Mas, o cenário atual é um detonador em potencial do equilíbrio emocional de todos.
São muitas, muitas as atrocidades que tantos seres humanos perversos usam para humilhar os que não pensam como eles.
E nada, nada vai mudar enquanto continuar esta onda revanchista de: 'me ofendeu, eu te ofendo! E, antes que tu me ofendas, eu te ofendo'!!
É preciso espalhar, cada vez mais e mais, e mais e mais, Palavras de Paz!
Enquanto um ficar xingando o outro, o círculo vicioso da desarmonia, da intranquilidade, da discórdia, da agressão e da violência vai continuar!
A PAZ
Para reconectar com este estado de harmonização emocional, o primeiro passo é honrar os ancestrais. Isto mesmo! Enquanto permanecer ódio e revolta contra pai e mãe, contra outros familiares do clã, a irritação e a revolta só vão se agigantar!
A figura paterna (pai) fornece como legado a nossa tendência ao estudo (aquisição de conhecimento) e a atividade que se acaba escolhendo (profissão, atividade laboral). Tenha o nome que tiver.
A figura materna (mãe) transmite a forma como os relacionamentos são tratados, como se lida com o(s) outro(s), nos diferentes âmbitos. E, também, coloca em nós a crença sobre a Prosperidade, a escolha do como "Eu vou conseguir".
Para muitos, é difícil encontrar referências boas nestas figuras (paterna e materna). Há duas formas de se harmonizar com os personagens diretos:
- Procurar algum outro parente ancestral (tio/tia, avô/avó, bisavó/bisavô), que foram, de alguma forma, elogiados pelo clã, por algum feito admirável.
- E, após esta identificação, procurar entender, com o coração, a dificuldade que o pai, ou a mãe, tiveram em seguir este modelo, mas que ele (o modelo) existe no clã do qual faz parte. E reconhecer e louvar isto, descendente direto que o jovem de hoje é.
Propicia a conexão com a Fonte Original daquele círculo familiar. E harmoniza interiormente. Necessário para uma visão mais clara de tudo que passou, do entorno, do que há por vir.
É preciso tentar, cada vez mais intensamente, pra poder romper este círculo de desavenças e ataques mútuos que hoje caracteriza a maioria das relações.
Espalhar mensagens de Paz e, quando não for possível, sempre, ao final de alguma tragédia anunciada, concluir com a convocação a um fazer construtivo!
É preciso tentar harmonizar todas as pessoas com as quais estamos envolvidas, seja as pessoas do passado, seja as pessoas do presente.
Não é a distância física que separa, é a distância mental, emocional.
Assim, quando dizem: Você só dá o que tem dentro de si, é verdade! Só que dá pra mudar este conteúdo! Romper a sequência de ódios e maledicências.
Importa não acirrar os ânimos [seus e dos outros].
Parar de brutalizar e, sim, pacificar!! Pra isso, vale aquela máxima que trago sempre: Preferencialmente, se abstenha de criticar e, caso critique, lembre de, para cada crítica, conceder dois elogios! É possível!
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Marise Jalowitzki é mãe, avó, sogra, irmã, tia, filha, neta, amiga, cidadã.Também é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas.Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano. Querendo, veja aqui
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