sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Dedos apontados



27.outubro.2017

Crescem, a cada dia, os apontadores-de-dedo para culpabilizar os pais no caso do atirador em Goiânia, o aluno da escola Goyazes. Ah, sociedade doente! quando vão deixar de direcionar seus julgamentos apenas a um segmento falho e olhar o entorno de uma situação, incluindo-se? Como olhar para um caso assim e não ver a insanidade que nos cerca e impregna a todos nós?
- Sim, falharam os pais, a família do adolescente, que não conversou o suficiente, que não conseguiu passar valores como tolerância e resiliência, que é a capacidade de fazer frente aos conflitos do cotidiano, tentando formas razoáveis de lidar com os desafios. Que não conseguiu estar presente nos momentos de angústia do filho, nem nos momentos em que arquitetava seu plano terrível.
- Sim, falharam os pais de todas as outras famílias envolvidas, que, igualmente, não conseguiram passar valores como empatia (que é a capacidade de se colocar no lugar do outro, procurando sentir como ele sente, não como nós sentiríamos 'se-fôssemos-ele', pois não somos! Famílias que não conseguiram passar valores como Respeito e Aceitação das diferenças.
- Falharam os colegas que viam (conforme atestam várias declarações em video) o quanto o rapaz era sozinho, 'não tinha amigos', 'não conversava com ninguém' e, ainda assim, não se mobilizaram para incluí-lo de uma forma efetiva e não apenas zoando...
- Falhou o próprio jovem assassino, que não pensou na dor que iria espalhar, apenas querendo 'solucionar' a sua dor, respondendo com ódio ao tratamento que recebeu. Paga, agora, o que não tem preço. A dor da perda de tantas famílias, pelas vidas ceifadas.
- Falhou a escola, sim, a escola, por não ter um Programa Anti-Bullying instituído, contumaz, costumeiro, periódico, inserido no cotidiano escolar, como devem ser os programas que visam formar uma sociedade mais ética, inclusiva, amorosa.
- Falhamos nós, também agora (e sempre), ocupando nosso tempo em julgamentos, apontando o dedo para este ou aquele lado, e, provavelmente, sem olhar para aqueles pequenos que estão perto de nós, carecendo de conselhos, de exemplos, de muita conversa, como estes adolescentes todos deste episódio trágico, triste, e como os adolescentes do mundo todo, carecem.
Virar as costas para toda esta realidade doentia que nos sufoca, e não fazer nada no sentido de mudar, de melhorar, de aprimorar na sua parcela de influência é continuar injetando veneno em algo que já está podre, que é o nosso estilo de vida, de sociedade!
Além do "oh, que horror!", quantas mensagens de Amor você tem lido ultimamente? Quantas tem compartilhado, escrito, dito, expressado em gestos?
Ao invés de julgar, MUDE VOCÊ sua forma de tratar os outros!
Por menos julgamentos e ódio, por mais AMOR PREVENTIVO!

Marise Jalowitzki
Educadora, escritora e especialista em Desenvolvimento Humano

Livro, Blog, Grupo e Página TDAH CRIANÇAS QUE DESAFIAM


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