sábado, 16 de março de 2019

É possível atrair os filhos para atividades offline? Convites para programas 'mornos' não cativam os adolescentes - Jovens costumam desafiar o perigo, querem a adrenalina. O que precisa acontecer?


Adultos conseguem mostrar um caminho mais prazeroso pra que os jovens não incorram em erros graves?



Por Marise Jalowitzki
16.março.2019
https://marisejalowitzki.blogspot.com/2019/03/convites-para-programas-mornos-nao.html

Adultos conseguem mostrar um caminho mais prazeroso pra que os jovens não incorram em erros graves?

Mais que coibir, se alarmar, escandalizar, tentar proibir, o necessário é  tentar monitorar atitudes estranhas, acompanhar o fluxo financeiro caso trabalhem, ver o que recebem através de transportadoras, tentar conversar, conversar, conversar e 'arrastar' junto, mesmo com 'cara de emburrado', para alguns programas offline. Difícil? Sim. Mas é o que está ao alcance dos pais de adolescentes e jovens adultos.

O jovem de 17 anos, pricipal atirador no caso do Massacre em Suzano-SP, apesar de todos os agravos de sua criação: pais com problemas de drogadição; crescer longe dos pais - ele e as irmãs mais novas - ; avós como tutores; a morte recente da avó; receber bullying pelas espinhas exageradas - que mexem diretamente na vaidade e, por consequência, na autoestima -; o fato de ser um 'problema' na escola, que culminou em sua expulsão; recebeu de outros membros da família, dentro de suas limitações, o suporte que aqueles puderam dar: o tio o empregou em seu lava jato (o mesmo tio que foi morto pouco antes do ataque à Escola) e, segundo dizem, foi morto porque havia descoberto o esquema do ataque e, por isto, foi silenciado. Será? Matá-lo hora antes do ataque, onde todos teriam amplo conhecimento dos fatos? E onde fazia parte do plano os tristes protagonistas quitar-se a vida? Que diferença faria? Teria sido esta a razão? Ou terá sido o ódio da rejeição sofrida com a demissão que o tio lhe passou e, quiçá, desavenças, discussões? Nunca saberemos, pois estão todos mortos...

O rapaz foi então trabalhar em uma carrocinha de cachorro quente. Alguém deve tê-la financiado. Provavelmente os avós. Ninguém monitorou seus ganhos e gastos, provavelmente por ele já ser "um homem". Por mais de ano foi guardando o dinheiro recebido, arquitetando o plano e adquirindo pela web as armas "brancas" (besta, machado, machadinha, facas) e, sabe-se lá onde, as demais armas e munições (o revólver 38, os explosivos, etc.). 

Besta é uma arma de caça medieval, aparece em vários jogos virtuais de luta, arma que pode ser letal, usada tanto pelo estudante de 17 anos no ataque na escola em Suzano-SP, como a encontrada na mochila do professor de violino, no DF, dois dias após o massacre, é livremente comercializada pelos mercados internacionais e nacionais (como a Mercado Livre), variando entre  75,00 e 1.900 reais. Para adquirir, basta ter maioridade (18 anos). As páginas na internet também ensinam o passo a passo de como m ontar, usar e constituir as armas. Pessoalmente, conheço muitos jovens que se seduzem por esta arma e pedem para seus pais para tê-la, para expor na parede de seus quartos. Os pais não cedem.


Caso se tratasse de uma situação gerenciada por adultos responsáveis, estas compras nunca teriam acontecido. Máscaras, botas, ninguém acompanhou toda esta movimentação e gerenciamento... 

E absolutamente não dá para responsabilizar o pobre avô por isso, ele que gostava muito do neto, ele que foi xingado pela mãe (com problemas visíveis de drogadição) frente ao repórter quando este entrevistava os dois. O homem chegou a afirmar que o menino era "um menino bom, sempre quieto, faltou foi criação adequada, foi família"...e a mãe o acusou "culpa sua, que não soube educar..." Pais, mães, por favor, dêem-se conta de que este papel é seu! Que todos os demais podem vir em auxílio, mas o poder pátrio e mátrio é seu! Este senhor fez o que pode, viúvo recente, sentindo a perda da esposa de muitos anos, com duas meninas, irmãs do rapaz atirador (assassino e suicida), de 7 e 9 anos, para continuar criando. Senhor!


Primeira imagem: o atirador, suicida aos 17 anos, quando criança. O quarto amplo dado pelo avô. No chão, a caixa onde estavam as botas adquiridas para serem usadas no massacre arquitetado há um ano e meio.


Rejeição
1 - O nível de rejeição era alto: primeiro (o mais determinante, foi o afastamento do convívio materno-paterno. Mesmo que a providência tenha sido necessária, uma criança não entende o real motivo. Sente-se rejeitada e pronto. E pior: puxa pra si a responsablidade desta rejeição e consequente afastamento. Ela, no seu entendimento, acredita ser a causa do desajuste, da separação. "Sou mau!" Por vezes, uma boa terapia ajuda a aprender a lidar com a realidade. Nem sempre.

2 - Na escola, sofreu (como muitas crianças) a rejeição e a humilhação devido às espinhas e seu comportamento, ora destacado por alguns como sendo perfil quieto, arredio e "bom menino" (no caso do garoto em questão, o avô, vários colegas da escola e a encarregada da biblioteca declararam isto) , ora destacado como agressivo (como a declaração da professora que foi à delegacia em depoimento espontâneo).

3 - Embora se desconheçam os motivos de ele ter sido despedido pelo tio com quem trabalhou no lava-jato, com certeza a demissão não foi algo bem digerido. Alguns especulam que o tio teria descoberto o plano macabro dos dois (sobrinho e amigo) e esta teria sido o motivo de haver sido morto.


Como adultos, quais os exemplos que damos às nossas crianças e jovens? Qual o nível de interação presencial que desfrutamos?

Convites para programas 'mornos' não cativam os adolescentes

Um adolescente ou jovem adulto, ainda mais que humanos de outras faixas etárias, costumam querer adrenalina, emoções fortes, esportes radicais, aventuras. É inerente aos 800% a mais de testosterona que naturalmente recebem em seu organismo logo que adentram a puberdade. Isto é inerente e será ingenuidade pensar que, se forem chamados a programas 'mornos' vão aceder em detrimento dos mais empolgantes e, quiçá, mais perigosos. O jovem "fuça" na web, descobrindo informações, grupos e caminhos que sequer imaginamos. Seja para poder driblar a vigilância dos pais cuidadores, seja para 'conhecer' este mundo ilimitado. 

Retomando o Massacre em Suzano, quando, dia seguinte à tragédia, o terceiro participante do grupo lamenta não ter sido 'convidado' a participar - já que havia planejado junto -, ele demonstra claramente que pensa igual, que a Vida - sua e de outros - não vale nada e que seu desapontamento é não ter participado, mesmo com os dois amigos mortos. Suas próprias mortes, que eles mesmos haviam planejado como epílogo após a consecução da trama bem urdida. 

Com o que nos deparamos? Com outros valores, diferentes daqueles que professamos, diferentes dos que professam as escolas e seus professores e dificilmente algum adulto vai poder mudar este cenário, provavelmente enraizado há tempos. Sim, perdemos o momento em que o caminho traçado se desviou. Mundo web, irreversível em suas ofertas, quebrando paradigmas e oferecendo facilmente perigosas opções. Sim, há muita, muita coisa boa, e, lado a lado, muito perigo. 

Como lidar com isto? Os adultos cuidadores costumam se escabelar, se horrorizar, vão levar a um psiquiatra que vai lhes aconselhar algumas coisas que eles (jovens) vão considerar baboseiras e receitar alguns psicotrópicos (os famosos tarja-preta), que, logo adiante, vão começar a dar novos e danosos efeitos colaterais. 









Situação difícil, quase desesperançador quadro, pois agora eles, estes jovens, já se sentem (finalmente, para eles!) PERTENCENDO a um grupo insurgente, revolucionário, que aponta o dedo médio para todos os que se lhes opõem. Como fez o estudante apenas algumas horas antes de matar e se matar.









Tentar ajudar a uma criança-adolescente-jovem adulto- a construir uma escala de valores começa bem, mas bem cedinho. 




E exige Constância de Propósito!



Plante uma árvore e faça a analogia com seu filhote

Então, pais, o que pode ser feito quando a cabeça de seu filho está noutra? Quando os valores assimilados já se sedimentaram em outro decálogo de convívio? Sei que alguns não querem aceitar, mas insisto sempre de novo e de novo: toda árvore gigantesca nasce de uma pequena e frágil plantinha. Precisa receber água em dosagem compatível, tem de ficar um tanto livre de ventanias, borrascas, granizo. Tem de ter espaço para se desenvolver. Tem de receber adubo.

O que se traduz, em analogia ao ser humano, em: Cuidados constantes, o mais amorosos e afetuosos possíveis. Sempre que um pai ou uma mãe se exceder, é preciso fazer um reconhecimento, um mea culpa e, sim, pedir desculpas ao pequeno pelo excesso. Mostrar que todo erro é uma nova oportunidade para um novo acerto. E que, nesta prática, eles, os erros, vão ficando sempre menores e espaçados no tempo. Não repetir tal excesso é primordial, pra que a força do exemplo possa se tornar modelo.

E, por fim, estar junto, monitorando, para ver se a 'árvore' está crescendo forte, ou, se precisar, conceder um novo arrimo. 

Como se traduz este 1º Cuidado - Precisa receber água em dosagem compatível, tem de ficar um tanto livre de ventanias, borrascas, granizo - quanto mais tenra a idade da criança, mais ela puxa pra si a responsabilidade de tudo que acontece no seu entorno. Um dos relatos mais emocionantes que li é do Gabor Maté, quando fala de sua origem. Nascido em meio à guerra, tendo perdido o pai quando tinha meses, cresceu vendo a mãe bastante triste e chorosa, sempre cabisbaixa. Ele pegou pra si a culpa desta tristeza! "Sou uma decepção pra minha mãe! Ela está triste por eu ser como sou!"... e, no caso dele, não era nada disto. A tristeza era para com as perdas que a mãe havia tido, incluindo o marido (pai de Gabor), era a tristeza e a desesperança que ela ela estava sentindo para com os problemas sérios que estava enfrentando. Imagina se é assim em situações onde a criança é amada, como será quando uma criança é verdadeiramente rejeitada, não aceita, não querida?

Proporcionar, dentro das possibilidades de cada cuidador, o melhor ambiente para a pequena vida em desenvolvimento é aumentar-lhe as chances de sobreviver a esta selva chamada sociedade e, muitas vezes, significa conceder-lhe capacidades para driblar os problemas e desafios e enfrentar a vida com alternativas justas e válidas.

Este, bem sabemos, é o sonho de cada mãe amorosa e de cada pai amoroso. Os primeiros anos (o que inclui o período gestacional) são os que marcam mais profundamente. Marcam pra sempre, ainda que o consciente sequer lembre dos fatos. As reações surgem e se costuma ouvir ou dizer: "Foi mais forte que eu!" Está lá, lá na memória remota. Quanto menos lixo armazenado, mais habilidades para lidar assertivamente.

Como se traduz este 2º Cuidado - Espaço para se desenvolver. Receber adubo - a criança e o adolescente precisam de espaço para se manifestar, convívio afetivo de qualidade para perceber que está em um ambiente acolhedor, onde é aceito do jeito que é. Que, sim, os pais são sujeitos a falhas (como todos), mas que, profundamente, ele é amado. 




Conversar conversas triviais e também bastante sérias. Estar junto. 

Os pais, bem mais que se escandalizar com o que o jovem pode expressar, precisam acolher e REDIRECIONAR, sutilmente, mostrando todos os prós e contras de determinadas decisões. 

Mostrar outros caminhos, outras alternativas. E não dar contra tudo o que o jovem demonstra querer fazer. Ainda que um pai conservador ou uma mãe conservadora possa considerar 'esquisito'. Se não acarretar desastre para ninguém, ajude-o! Incentive!

Como se traduz este 3º Cuidado - Ver se a 'árvore' está crescendo forte. Fortalecer pela prática - Há sempre formas mais amenas de 'botar pra fora' a agressividade, a inconformidade, a ansiedade. Esportes em conjunto, deixando espaço para ELE se mostrar e não como vejo muitas vezes, situações onde os pais é que querem ser os astros e não raro até filmam os filhos em situações dificultosas e mesmo de fracasso, para depois expor na web e troçar do pequeno com os amigos e todos os demais que se aproximarem... Isto é humilhação e não divertimento, e uma das maiores causas de revolta dos garotos e garotas. Em um estágio em que precisam se afirmar frente aos demais, especialmente junto aos pares, o que precisam é de acolhimento, validação, validação, validação. 

A autoestima se forma e se fortalece através da percepção de que se é agradável aos do entorno. Onde não há esta percepção (de ser bem querido e validado), a tendência será sempre procurar outros fóruns, na tentativa de se inserir em um grupo, por mais perigoso e perverso que este possa ser!

Muitas mais que DAR LIMITES é preciso MOSTRAR OS LIMITES que separam as ações de destruição, de desvalia, de medo, criminosas e, muitas vezes, mortais - como a incitação ao ódio nas suas variadas interfaces - e o que assegura um convívio pautado na respeito às diferenças. 

Quando um jovem COMPREENDER a distância que separa estes dois aspectos fundamentais da Vida - o que começa, sim, lá dentro da barriguinha da mãe - vai ficar mais fácil pra ele ESCOLHER qual caminho quer seguir. Porque, sim, NADA garante a um pai, a uma mãe que todos os seus sinceros e desvelados esforços possam redundar nos resultados almejados. Pois cada um, à medida que cresce e assume seu papel na vida, vai DECIDIR o que efetivamente considerar melhor pra si. Mas, com certeza, os genitores terão auxiliado com suas sementes, com suas palavras e, principalmente, com suas ações cotidianas. E a maioria dos seres humanos, tendo este alicerce emocional fortificado, reagem assertivamente, sem violência, sem agressão.



Exemplo é registro indelével.
Diálogo, sempre mais. 
Para isso, tem de estar junto!!!
Quanto menor a criança, maior a admiração pela figura dos pais!
Reinvente-se! 
Arrisque! 
No mínimo, monitore!

COM TODA CERTEZA, com uma autoestima bem constituída, com a autoconfiança bem reforçada, com um sorriso nos lábios e no coração por se saber bem aceito e bem querido, simplesmente NÃO HÁ ESPAÇO para a inconformidade, para sentimentos de menos valia, nem para sofrimentos solitários que tem de buscar escape em espaços dúbios! AMOR É A MELHOR ARMA QUE PODEMOS COLOCAR NAS MÃOS DE NOSSOS FILHOS! Arma que melhora e otimiza todo este estado de coisas! Amor reverbera em todos os corações, ampliando uma energia inerente a todos nós. 






Ver mais sobre ataques:

Massacre em Suzano - O que uma sociedade doente pode fazer por seus filhos?





Por Marise Jalowitzki
13.março.2019
https://compromissoconsciente.blogspot.com/2019/03/massacre-em-suzano-o-que-uma-sociedade.html



Massacre em Suzano - Analista de sistemas é o mentor do ataque na Escola
Brasil precisa URGENTEMENTE aumentar a vigilância na internet! (No centro da imagem Marcelo Valle Silveira Mello - criador do site Dogolachan)


14.março.2019
https://compromissoconsciente.blogspot.com/2019/03/massacre-em-suzano-analista-de-sistemas.html



Professor de violino da Escola de Música do DF é contido e levado a atendimento psiquiátrico após ser detectado em sua mochila uma besta, duas facas e cinco setas


"Era pra eu me matar!", disse ele ao ser contido. "Nossa sociedade está doente!", disse o Secretário da Educação, alvo do professor, que não teve seu nome divulgado (está afastado e em tratamento psiquiátrico)



Por Marise Jalowitzki 15.março.2019
https://compromissoconsciente.blogspot.com/2019/03/sociedade-doente-professor-de-violino.html 



Sobre Gabor Maté



Por Marise Jalowitzki
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2016/06/o-mito-da-normalidade-gabor-mate-fala.html



Mais sobre entendimento infantil

AS CINCO ETAPAS EMOCIONAIS DE CRIANÇAS FERIDAS E ABUSADAS






Por Marise Jalowitzki
http://compromissoconsciente.blogspot.com.br/2015/05/as-cinco-etapas-emocionais-de-criancas.html


Mais sobre besta: https://www.metropoles.com/distrito-federal/seguranca-df/besta-usada-por-professor-que-invadiu-predio-e-vendida-sem-controle?utm_source=push&utm_medium=push&utm_campaign=push 


 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 

quarta-feira, 13 de março de 2019

Massacre em Suzano - O que uma sociedade doente pode fazer por seus filhos?






Por Marise Jalowitzki
13.março.2019
https://marisejalowitzki.blogspot.com/2019/03/massacre-em-suzano-o-que-uma-sociedade.html


Fomos surpreendidos na manhã desta quarta-feira com a trágica notícia do massacre ocorrido em uma escola estadual em Suzano-SP. Sim, surpreendidos, pois, como sociedade doente que somos, queremos sempre de novo e de novo nos apegar ao ilusório, ao "não vai acontecer aqui", ao falso "está tudo bem", mesmo quando todos os indícios dão conta que as coisas estão à deriva e pouco ou nada está sendo feito.

Pegou de surpresa este episódio só porque estão todos ocupados demais em correr atrás de seus compromissos, de suas 'necessárias' aquisições, estão todos muito preocupados com suas próprias dores para pensar nas dores dos demais!

Bullying e expulsão escolar
Um ex-colega do adolescente atirador de 17 anos conta à mídia que ele "não sofria bullying"... quem acredita? Quais os motivos que levam a um garoto ser expulso "por problemas" de uma escola? O avô diz que ele era sempre calmo, quieto. Bem sabemos que é o perfil-alvo "ideal" dos torturadores emocionais. Quando os dois ex-colegas se encontraram em um shopping, questão de uma semana antes do massacre, que tipo de conversa rolou para que o Guilherme Taucci Monteiro ameaçasse: "Fica esperto! Vai ter novidades!"?

Um aluno da escola, que pulou o muro e conseguiu fugir, contou à revista que Guilherme encontrou alguns colegas em um shopping, há três dias, e os avisou para “ficarem espertos”. (1)

O Bullying nesta escola é unsuportável, diz ex-professor. Entre alunos e alunos, entre professores e alunos, entre alunos e professores. "Bulying era constante. Eu não aguentei, como professor, e saí!", diz ele. Quem o escuta? Quais providências serão tomadas, efetivamente? Nada será feito! As pessoas vão comentar por mais uns dias, os parentes dos mortos vão ficar marcados por este infortúnio até o fim de suas vidas e o caos continuará imperando. (2)

Estrutura escolar
Quantas escolas no país vivem a mesma realidade da Raul Brasil? Há quanto tempo as reivindicações de mais infraestrutura, turmas menores, mais professores e professores mais bem pagos são sequer ouvidas, que dirá consideradas? Onde um professor (partícipe de uma sociedade doente) vai poder administrar turmas com mais de 45 adolescentes em sala? Adolescentes, igualmente, frutos de uma sociedade doente e caótica?
A escola Raul Brasil, localizada próxima ao centro de Suzano, tem 1.066 alunos, sendo 65% cursando o ensino médio, e o restante, os anos finais do ciclo fundamental. A unidade conta com 54 professores.
54 professores para 1.066 alunos, turmas com, em média, 45 alunos!
Onde uma equação assim desproporcional vai dar certo?

Outro professor abrigou mais de 60 em sala de aula. "Um aluno pegou uma rifa (para ajudar na formatura deles) e disse que ia merendar. 'Vou lá merendar pois hoje tem peixe', ele disse. Momentos depois estava morto. Não temos segurança nenhuma, guarda civil, nada!" (8)

Estrutura familiar
O garoto de 17 anos foi criado pelos avós, assim como duas irmãs suas. A avó morreu recentemente (cerca de um mês). O avô está assumindo a duríssima missão de criar 3 netos jovens (agora, apenas as duas meninas). 
"Era um menino bonzinho, não tinha problemas com drogas e nunca me deu trabalho", disse o avô, que não quis ter a identidade revelada.
O avô de Guilherme disse que o adolescente sempre morou com ele e com a avó, que morreu recentemente, e não tinha contato com os pais, que eram dependentes químicos. De acordo com ele, o neto trabalhava na concessionária do tio, que foi atingido por um disparo feito por Guilherme. Ele foi demitido do estabelecimento há dois anos." (1)

E os pais? São dependentes químicos e há muito não acompanham a realidade dos filhos que puseram no mundo.

Procurada pela reportagem para dar seu parecer sobre os motivos que levaram o filho a cometer tal desatino, a mãe, incomodada, declara ser o bullying escolar a razão... Sabemos que não há uma única razão para tais eventos. É todo um conjuunto e ninguém, nenhum dos atores pode querer se eximir da responsabilidade, especialmente os pais, que são os maiores influenciadores na vida dos filhos. 

Pais distantes, com certeza o avô é que não seria a pessoa indicada para monitorar o jovem adolescente e suas tratativas na web. Não se sabe como tinha dinheiro para pagar as armas e munição que ele e seus companheiro de massacre (que também morreu) adquiriram. Nem onde elas ficaram guardadas durante todo o tempo do planejamento do macabro evento. A internet liberou muito todos os atos das pessoas, facilitou grandemente aquisições que, presencialmente, seriam inviáveis. E a falta de supervisão, de pais 'chatos' que estão sempre 'em cima', acompanhando, controlando, com certeza, faz muita, muita falta.




Vida virtual, vida real - A Influência dos Jogos em mentes perturbadas
Machado, besta, vários estilos de armas, a máscara, os relógios para baixo, muita coisa lembrando os jogos. Jogos de estratégia, de combate, a maioria violentos são os companheiros cotidianos de muitos adolescente e jovens adultos.

Os dois atiradores eram vizinhos e ambos frequentaram a mesma escola, onde o bullying, segundo professores, é imenso. (4)

Guilherme Taucci Monteiro, 17, e Luiz Henrique de Castro, 25 moravam na mesma rua. 

Nisto, o vice-presidente está com a razão, quando fala que jovens ficam muito tempo frente ao pc, geralmente jogando jogos violentos. Embora o jogo em si não seja o detonador dos cruéis eventos perpetrados, eles fornecem ideias e sugerem estratégias que, para a mente já transtornada, são preciosos... (5)




Fotos com armas e perfil falso no Facebook
Sempre há pistas, indícios, certezas de que algo não vai bem!
Os jovens que sabiam que ele usava um perfil falso no Facebook (Guilherme Alan), ao ver que ele postava muitas fotos, artigos, detalhes sobre armas, ataques, tiros, por que não avisaram a quem pudesse fazer algo preventivamente? Ou será que não há quem queira escutar os avisos dos jovens? Falta preparo para nossa sociedade doente, para saber como intervir, amorosamente, em situações assim críticas? Para prevenir, ou, pelo menos, tentar previnir, ao invés de correr atrás, após tantas penas e dores? (6)


Os autores do massacre com 10 mortos e ao menos 23 feridos em Suzano-SP participavam de fórum extremista e publicaram sobre o ataque no fórum virtual Dogolochan. Eles supostamente agradeceram a ajuda de outros membros e deixaram rastros para avisar internautas sobre o crime. A informação foi publicada pelo portal R7.
O fórum extremista é conhecido como um local onde são discutidos abertamente a prática de crimes. Tópicos abertos mostram que Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, e Guilherme Taucci Monteiro, de 17, pediram dicas de como realizar o ataque.
Um print do dia 7 de março mostra o que pode ser um dos atiradores agradecendo DPR, o administrador do Dogolachan pelos conselhos recebidos.
“Muito obrigado pelos conselhos e orientações, DPR. Esperamos do fundo dos nossos corações não cometer esse ato em vão. (…) Nascemos falhos, mas partiremos como heróis. (…) Ficamos espantados com a qualidade, digna de filmes de Hollywood”, diz a mensagem. (7)




E o nosso papel? Nós. que nos autodeclaramos normais?

Estamos TODOS envolvidos e somos TODOS co-responsáveis por todo este estado social lamentável!!!

Vou vir com o velho jargão: SOMENTE O AMOR, A COMPREENSÃO, A RESPONSABILIDADE, O ESTAR JUNTO, O ASSESSORAMENTO CONTÍNUO, OUVIDOS DE OUVIR, ISTO É O QUE AS FAMÍLIAS DEVEM SER E EXERCER O TEMPO TODO.

E OS GOVERNOS? URGENTEMENTE, PRECISAM PARAR DE TANTAS BRIGAS, FOFOCAS, MALEDICÊNCIAS, FALCATRUAS!!! MAIS INVESTIMENTOS NA QUALIDADE DE ENSINO, MAIS VALORIZAÇÃO AOS PROFESSORES, MAIS AMOR ÀS CRIANÇAS, TURMAS PEQUENAS, METODOLOGIAS ATRATIVAS!!!

Eu, como educadora de formação, continuo acreditando em utopias, pois elas iniciam na imaginação para depois se plasmar na ação prática e direta.
SÓ ASSIM é que a realidade pode mudar para melhor!


Pobres almas, pobres vidas, realidades tão tristes!
Para que não se repitam tantas histórias que nos fazem chorar, mesmo à distância, que cada ato nosso, todos os dias, seja um impulsionador de Paz e Harmonia!


Que todos os jovens conquistem a Paz, para que seja assegurada a Harmonia das próximas gerações!!




Referências sobre o tema: 

Bullying


3 - A mãe - dependente química - dá entrevista



Fotos Guilherme Taucci Monteiro – no Facebook Guilherme Alan (17 anos) e Luiz Henrique de Castro (25 anos) https://www.metropoles.com/brasil/policia-br/atirador-de-suzano-postou-foto-com-arma-horas-antes-do-ataque-a-escola?utm_source=push&utm_medium=push&utm_campaign=push



Mais sobre:


O homem morto no lava-jato, onde roubaram o carro, era tio de Taucci – c a máscara de caveira - https://www.metropoles.com/brasil/policia-br/suzano-homem-morto-em-loja-era-tio-de-um-dos-atiradores?utm_source=push&utm_medium=push&utm_campaign=push




O secretário informou ainda que uma bolsa falsa de explosivos foi encontrada fora da escola.
Foram encontrados com eles: 1 revólver calibre 38; uma besta; 1 besta - que é uma arma medieval, tipo arco e flecha;  uma machadinha; uma peça de jet lag, usada para recarregar o revólver, coquetel molotov e explosivos.



Bolsonaro só comentou o assunto em suas redes sociais mais de cinco horas depois do ocorrido

Suzano: Jovem foi a pé da escola ao hospital com um machado no tórax

Todas as vítimas serão veladas juntas.