envelhecimento - este caminho será percorrido por todos! |
Por Marise Jalowitzki
22.agosto.2016
http://marisejalowitzki.blogspot.com.br/2016/08/banco-do-brasil-pessoas-humanizem-se.html
Cena insólita!
Segunda-feira, uma senhora se arrasta penosamente em seu passo lento, apoiada em um uma bengala de um lado e, em outro, por um braço de senhora. Cabelos totalmente brancos, corpo curvado, pessoa de seus 80 anos, fraquinha. A filha que a acompanha, mulher de minha idade, diz que ela está perdendo a memoria rapidamente e a outra amiga acompanhante, de faixa etária semelhante, logo se apressa em dizer:
"Ela não entende mais nada! Nem sabe quem ela é!" - com aquele sorriso conhecido de pessoas que consideram os bem idosos como crianças não-sapientes, full time! (e sabemos que não é assim!)
O motivo do andar da velha senhora? Uma necessária ida ao Banco do Brasil, para provar que está viva!
Meu neto segura a pesada porta para que elas entrem, eu vou logo falando da Vitamina D, que reforça todo o sistema!
Quando ela consegue adentrar o recinto do Banco, procuro por uma cadeira, que antes havia por aí... antes, ainda, havia um sofá!!... nada!... Fico tão apreensiva, pois bem sabemos o quanto uma pessoa nestas condições precisa de um fôlego! Vou até o funcionário que atende ali na frente, fazendo toda a triagem, atendendo vários casos, solucionando quase tudo, prestando informações e controlando senhas!!!... e, ainda, vez por outra acompanhando as pessoas que tem dificuldades com o atendimento nos caixas eletrônicos! Como ele aguenta, não sei! Antes havia 3 funcionários para estas tarefas, agora, está sozinho!
Interrompendo o fluxo de atendimentos, peço licença e pergunto se há condições de a senhora receber uma cadeira para descansar.
Ele responde:
- Lá dentro da agência tem as cadeiras!
- Impossível - respondo! Ela nem tem condições de passar sozinha, sem sustentação, pela porta giratória!
- Não tenho solução! - diz ele!
- Como, não? Esta senhora precisa de um descanso!
Os guardas, lá de dentro, através dos vidros, todos de olho...em mim!!!
Ninguém se mobiliza para trazer uma cadeira para a senhora!
O funcionário volta-se a mim e redargue:
- Não tem nada que eu possa fazer! Os errados são vocês que trazem uma pessoa nestas condições ao banco!
- Vocês, nada. - respondo. - Esta senhora não é minha parenta, mas é um ser humano que precisa de atendimento especial!
- Que não é no banco! - responde ele -.
- Mas ela precisa vir aqui, para provar que está viva e continuar recebendo seu benefício!
...e nada da cadeira...
- Pra isso tem o cartório, pega uma procuração!
Eu, nem acreditando que aquilo estava acontecendo, disse:
- Ok, a família vai fazer isso, mas agora, consegue uma cadeira?
- Não, não disponho de uma cadeira!
Ponto!
Neste momento, todas as pessoas da enorme fila já haviam aberto espaço para que a senhora, amparada, chegasse em primeiro lugar, passasse seu dedo polegar... e pudesse ser dispensada!!
O rapaz, ultra nervoso, atendeu-a.
Na saída, a mulher (filha) falou que nunca alguém havia comentado que dava pra pegar por procuração... (e eu nem disse nada, pois, pelo que sei, só depois de um penoso e demorado processo de interdição)...
Enfim, depois ainda fui acompanhando-as até o carro, a filha lamentando, a senhora caladíssima... humilhada, claro! querendo morrer logo, claro!
E o foco de tudo isso? A falta de uma cadeira! A pouca disponibilidade em ajudar! O nada de providências quando surge uma emergência!
E mais: Sem nenhum aviso aos clientes, o estacionamento frontal (que era pago!...) foi desativado, tornando o trajeto bem maior para os usuários!
Onde iremos parar, gente? Que mundo é esse??? Em que se transformou o ser humano?
Lamento TANTO, também por este rapaz do atendimento! Conheço-o há anos neste posto! Quando ali estavam os três funcionários, ele era educado, atendia com diplomacia, prestativo, sorriso cordial!
Em que o sistema transformou este ser humano? Em uma máquina prestes a explodir!!!
Até quando vamos viver nestes parâmetros desumanizados???
Claro que este rapaz recebe e obedece a ordens de seu gerente! Claro que um telefonema à Ouvidoria apenas iria merecer um "chamado" para ele, sem que nada mais seria modificado! Quem precisaria receber este alerta deveria ser o gerente e sua gestão! Mas, como, se o sistema todo está em crise? Por todas estas razões é que nem coloco o número e-ou endereço da agência! Banco do Brasil, humanizem-se! Esta senhora, enquanto ser humano, não interessa a vocês, mas o dinheiro dela, que ela deposita, sim! Que seja uma cadeira disponível, que pode ser recolhida ao final do expediente! São providencias simples, mas importantes!
Fica o registro triste em um país cuja população tem cada vez mais idosos e cada vez menos cuidados com eles! Hora de melhorar!
Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista.Especialista em Desenvolvimento Humano, defensora de uma infância saudável, antimedicalização. Escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com
blogs:
www.compromissoconsciente.blogspot.com.br
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