domingo, 16 de junho de 2019

Adianta lavar a honra e ir parar no cemitério?





Por Marise Jalowitzki
16.junho.2019
https://marisejalowitzki.blogspot.com/2019/06/adianta-lavar-honra-e-ir-parar-no.html

Domingo à tarde, por aqui, costuma ser um período de calmaria. Após o almoço, onde as pessoas, na maioria,  costumam se fartar de cadáveres de animais e álcool, geralmente vão dormir um sono insano.

Hoje fiquei em casa, ouvindo música, fazendo coisinhas, lendo, fazendo ginástica. Até que ouvi gritos de uma voz feminina:  “Ladrão! Ladrão! Vagabundo!”. Primeiro procurei desviar a atenção, pra não ferir minha serenidade. Mas não adiantou, pois a coisa continuou e adicionada com a voz masculina, e os dois passaram a se agredir mutuamente, muito coléricos e com termos bastante impróprios. A mulher estava fora de si e o homem não se economizou. De repente, barulho de pneus, creio que o homem deu ré no carro e direcionou à mulher. Ela continuava gritando: “Vai me matar? Vai me matar, ladrão, vagabundo?”... fechei os olhos e entrei em forte movimento de prece. Este homem tinha de ir embora, urgentemente. Era ele que estava com o carro, seria mais fácil sair do local. Ela teria de enfrentar sua impotência, mas um feminicídio estaria sendo evitado! 

FELIZMENTE, o homem fez isto mesmo: ainda foi gritando alguns impropérios, ela continuou também, mas tudo não passou disso!

Nas horas de raiva, não se pode perder a razão, o bom senso, o equilíbrio. Tanta tragédia acontecendo o tempo todo! Se há leis, que sejam seguidas, que sejam denunciadas as agressões, sejam da natureza que for. Não tenho conhecimento dos fatos destes dois personagens, quem tem a razão, mas estava evidente que a mulher era a parte mais frágil no confronto. E isto não pode ser perdido de vista. 

Nunca.

Denunciar, processar, mas não enfrentar assim, de peito aberto.

Venturosamente, tudo acabou sem morte, nem sangue. Ela deve ter sido socorrida por vizinhos e espero que vá, agora, lutar por seus direitos, ainda que demore.

Ainda tenho a lembrança de muitas mortes, uma bastante recente, de uma empreendedora aguerrida, que iniciou relacionamento com um homem diametralmente oposto a ela: pouca iniciativa, quieto, retraído. Ele começou a ter muito ciúme dela, queria que encerrasse a empresa que possuía e que ficasse vivendo só sob as custas dele. Ela não quis. Ele a conhecera assim. E passaram a se agredir verbalmente, cada vez de maneira mais pesada. Ele também a agrediu duas vezes fisicamente. Na segunda, foi fatal. Hoje, ela morta, ele, na cadeia. Relacionamentos tóxicos.

Como devemos nos afastar deste tipo de convívio!!! Muitas vezes não está nas mãos de uma pessoa o controle, então, sim, a única saída é afastar-se e procurar seus direitos.

Não, não adianta lavar a honra e ir parar no cemitério.

Voltei às minhas lides e fui ouvir um mantra.





 Marise Jalowitzki é educadora, escritora, blogueira e colunista. Palestrante Internacional, certificada pelo IFTDO - Institute of Federations of Training and Development, com sede na Virginia-USA. Especialista em Gestão de Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas. Criou e coordenou cursos de Formação de Facilitadores - níveis fundamental e master. Coordenou oficinas em congressos, eventos de desenvolvimento humano em instituições nacionais e internacionais, escolas, empresas, grupos de apoio, instituições hospitalares e religiosas por mais de duas décadas Autora de diversos livros, todos voltados ao desenvolvimento humano saudável. marisejalowitzki@gmail.com 



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